sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Processo ético

Perito médico do INSS em certa capital do sul do país respondeu com bom humor e inegável talento literário, a uma acusação absolutamnte descabida, Leiam, vale a pena:
 
Prezado Sr. Presidente da Comissão de Ética Médica,

Em resposta ao ofício em que sou acusado de agressão ao segurado Fulano de Tal, tenho a dizer que:

O segurado referia ser artista de circo, multifuncional (não trazia CTPS, nem comprovação). Queixava-se de fadiga e dores musculares em todo o corpo, além de “problemas de nervo”. Solicitei que retirasse o nariz de palhaço e o bigode de Chaplin para identificação devida, ao que o mesmo atendeu prontamente e os arranca de supetão. Segurado emite um urro e gotas de sangue caem da derme exposta...aparentemente o bigode não era postiço... Aproveitei o ensejo e observei o tempo de coagulação normal e a cianose de lábios...solicitei então ao vigilante que soltasse o pescoço do segurado (ao ouvir o grito e entrar na sala e se deparar com tanto sangue o vigilante teve a atitude padrão na ocasião...). Recobrada a respiração normal houve desaparecimento da cianose (tentativa de simulação?!?). Não considerei o edema palpebral resultante como parte do exame pois foi uma coincidência.

Ao exame físico segurado cooperava pouco, respondia por mímicas...solicitei que subisse na maca plantando bananeiras e o mesmo joga-se no chão simulando diminuição de força nos MMSS, aproximei a escada – estava a um metro da maca – e o mesmo consegue realizar o solicitado(talvez não fosse simulação). Exame neurológico estava duvidoso, pois na pesquisa de reflexos profundos com a marreta de plástico mostraram-se normais, porém testando a coordenação motora conseguiu equilibrar no nariz o monitor, o cesto de lixo e o grampeador, mas derrubou toda a pilha de objetos ao ser acrescentado uma simples xícara de café....sensibilidade térmica também era normal e a dor relatada era compatível com queimadura de primeiro grau em face e tronco...tranquei a porta porque com este novo grito temi que o segurança pudesse entrar na sala de novo. Solicitei então ao segurado que entrasse na bexiga de borracha e colocasse a roupa de lanterna verde ainda dentro da bexiga. O segurado então negou-se a realizar. Ameacei abrir a porta novamente e então resolveu cooperar. Devo ter errado no tamanho da bexiga, pois o segurado, já dentro dela começa a pular e se bater na parede e na quina do birô...felizmente como estava dentro da bexiga os gritos ficaram abafados e acho que o vigilante não ouviu. Ao sair da bexiga estava com a roupa do super-homem. Confesso que compreendi este ato como uma provocação e por isso deixei os seguranças segurando-o pelo pescoço e pelos testículos um pouco mais do que deveria (ao ouvir o estouro da bexiga o segurança e outro colega derrubaram a porta e renderam o agressor, digo segurado). Hoje, analisando friamente acho que ele poderia ser daltônico e deveria tê-lo encaminhado para reabilitação profissional.

Sem mais para o momento.

Atenciosamente,XXXXXX