terça-feira, 25 de agosto de 2009

Acordo Ignóbil


25.08.2009- Estamos em vias de ler no DOU a edição de MP que reduzirá salário dos peritos médicos previdenciários. Estamos falando de uma categoria estratégica, qualificada, pilar da estabilidade social e que ganha pouco, talvez os menores vencimentos entre as carreiras regulamentadas por lei. Os pretensos representantes da categoria agacharam diante do governo e, de cócoras, negociaram a redução de vencimentos supostamente para viabilizar a permanência de um sem número de médicos que precisam reduzir sua dedicação ao INSS. Ora, o que viabiliza uma carreira é estrutura adequada à realidade da profissão médica e, sobretudo, remuneração; reduzir vencimentos é a forma mais canhestra de viabilizar uma carreira, pois sinaliza que o descomprometimento seja o melhor caminho para o profissional! Propõe-se que a remuneração pública represente o mínimo na renda familiar do médico. Quem afirma defender uma carreira conquistada na luta e que teve seus mártires não pode estar falando sério nem movido por ideais nobres ao pactuar com a inédita proposta.
A carreira de Perito Médico Previdenciário não acompanhou a evolução das demais carreiras de relevância social e econômica similares. Durante o ano de 2008 diversas delas, inclusive algumas menos expressivas, como os pesquisadores do IPEA, passaram a receber remuneração fixa por meio de subsídios. Hoje um auditor fiscal tem remuneração fixa (subsídio) e ingressa na carreira recebendo mais do que um perito médico de 20 anos de serviço público. A distorção histórica, que vinha sendo reduzida, tornou-se imensa e crescerá ainda mais com a desastrosa negociação cuja cereja é a redução de vencimentos com redução de jornada.
Devemos pedir perdão à Dra Cristina e ao Dr José Rodrigues pela forma covarde com que nos recolhemos diante de tal ameaça profissional. Devemos nos envergonhar da representação que temos porque nos permitimos ter.
A Medida Provisória vai para o Congresso onde poderia ser emendada por parlamentares que certamente entenderiam e apoiariam a manutenção dos vencimentos no mesmo, e já baixo, patamar atual com fixação de jornada única de 30 horas semanais, ainda assim 50% maior do que as demais carreiras médicas regulamentadas pela Lei 9.436/97. Com um pouco mais de liderança e determinação, poderíamos acabar com a gratificação GDAMP que tanto nos penaliza, passando a receber subsídios. As propostas não aumentam despesas e são plenamente constitucionais. Que fique tranqüilo o Governo, pois nada disso acontecerá. Os peritos médicos passarão a receber menos e a produzir o mesmo que produzem hoje. A qualidade do serviço cairá, mas quem se preocupa com isso?

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