
Não conheço trabalho semelhante sobre o médico do século XXI, mas, como clínico atuante, percebo que a maioria prefere substituir a escuta e exame clínico por exames complementares em profusão; boa parte totalmente inúteis.
A discussão sobre tempo despendido em consulta é recorrente, enquanto o foco correto é esquecido, qual seja, a qualidade da escuta e, no caso pericial, também dos registros, sem o que não se produz bons laudos. O Fordismo e o Taylorismo não cabem para atividades humanísticas, como a medicina. Cronometrar o tempo de consultas para obter uma média* e aplicá-la como camisa-de-força aos médicos é inclassificável do ponto de vista técnico e só pode ser explicado do ponto de vista político da dominação como instrumento de poder.
Surpreende que representantes de médicos aceitem discutir nesses termos temporais, demonstrando evidente despreparo para o debate. Se os médicos escutam pouco, interferem muito, pedem exames demais, a questão está na formação do médico e não na medição do gestor. Não é a este (o gestor) que deve ser atribuída a função de diagnosticar e tratar. Deve haver uma diretoria médica (já há?) que analise os atendimentos, as conclusões, seus acertos e desvios para, sobre esses dados elaborar plano de educação continuada. Só assim se melhora atendimento médico. Abaixo o cronômetro!
* Os gestores incompetentes desconhecedores de estatística, adoram usar a média. Os sábios gestores já calcularam a média aritmética de atendimentos em gerências e usaram o número para dimensionar carga de tarefas, esquecendo-se que há médicos em algumas localidades que atendem menos que a média porque essa é a demanda local, e não há outra agência a menos de 250 Km!
Nada substitui uma boa escuta:

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