quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Equidade no RH do INSS


Educação continuada é uma das expressões da moda.
Nenhuma outra profissão tem tanta tradição neste quesito quanto a medicina. Congressos médicos são tradição secular, mesmo quando não eram profissionalizados e administrados como negócio. Há os que vão a congressos e aproveitam para fazer turismo, há os que só fazem turismo através de congressos, estes últimos são o resultado de políticas patronais equivocadas que só se preocupam com a formalidade dos certificados. Soube de um congresso na Grécia em que haviam tantos médicos portugueses inscritos que a organização fez uma homenagem especial, mas pouquíssimos estavam lá e isso ficou patente e constrangedor. Estes fatos, lamentáveis, podem servir de argumento para gestores medíocres, mas, evidentemente, são exceções.

Médicos de qualquer idade frequentam congressos e fazem cursos durante toda a vida profissional. Medicina é a carreira mais cara, entre outras causas, em razão da formação longa, complexa e inesgotável. Tem sido frequente médicos peritos cursarem faculdade de direito e, não duvido, essa segunda formação pode vir a ser pré-requisito da função de perito médico no futuro.

Certa feita encontrei uma colega oftalmologista no aeroporto. Ela era perita médica récem-concursada que assumira em uma agência de grande movimento e, preocupada, estava embarcando para São Paulo, em férias, mas não para turismo; para um curso de primeiros socorros, pois o INSS pode ser palco de emergências médicas. Quem abandona família e tira férias para estudar e aplicar o aperfeiçoamento no Serviço Público sem um centavo a mais por isso?

O médico se mobiliza por motivações éticas, sabe de sua responsabilidade e valores supremos da vida humana, tem prazer em cumprir bem o seu papel, entretanto, muitas vezes, se vê inserido em uma instituição intelectualmente limitada, que lhe tolhe as possibilidades de se aperfeiçoar, mesmo às próprias expensas! Não me refiro a este ou aquele dirigente, mas ao stablishment, esse ser abstrato e poderoso que mantém o status quo fundado em sentimentos inconfessáveis, preconceituosos, invejosos, nivelamento por baixo com vestimentas pseudo-democráticas.

O INSS é uma instituição que não aceita a classe médica que o integra. Somos como tecido de enxerto not self rejeitados por um sistema imunológico potente, somos tratados como "terceirizados internos", uma coisa que faz parte mas não é assumida, um mal necessário; não como os servidores mais qualificados, especiais e estratégicos. A política de RH não contempla as necessidades da profissão médica que, sendo minoria quantitativa, sofre a imposição de se ajustar a uma normalização única.

As normas precisam ser reformuladas para atenderem o princípio da equidade, que consiste em ser justo com todos a partir do reconhecimento das diferentes necessidades. Convido a quem queira depor casos pessoais a comentar esse tópico.

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