terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Carreiras Típicas


Dias 10 e 11 de novembro passado, as carreiras ditas de Estado debateram seus problemas comuns no auditório Petrônio Portela (Senado Federal). Foi a Conferência Nacional das Carreiras Típicas de Estado.

Um dos destacados palestrantes foi o jurista Juarez Freitas de quem tivemos breve assessoria na falecida em início de 2008. A parceria, entretanto, não evoluiu pois, como se sabe, a falecida não empreendeu esforços para  a carreira pericial se tornar subsidiada, o que é  a principal marca das carreiras típicas de Estado. Sob outra presidência, a falecida (ainda viva) ingressou no seleto grupo de carrreiras que compõem o FOCATE (Fórum Permanente das Carreiras Típicas de Estado), mas a notável incapacidade de fazer alianças e se articular com o governo fez com que os anos de 2008 e 2009 fossem anos perdidos e a ausência nos eventos um testemunho disso.

Segundo a assessoria de comunicação do Sidifisco Nacional, Juarez Freitas falou sobre a importância da autonomia das carreiras de Estado "O político pensa a curto prazo. São as carreiras típicas de Estado as responsáveis por uma continuidade no meio de incontinuidades", afirmou.
Para o professor de direito constitucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Juarez Freitas, a Lei Orgânica do Fisco tem de seguir o modelo da do Ministério Público, com o secretário da RFB (Receita Federal do Brasil) sendo escolhido pelos Auditores-Fiscais entre os membros da Classe. A afirmativa do constitucionalista foi durante a Conferência Nacional das Carreiras Típicas de Estado.

Juarez Freitas foi o palestrante do painel “A autonomia das carreiras de Estado: funções, visão e a relação com o poder político”, que teve como coordenador o presidente do Sindifisco Nacional, Pedro Delarue, e como debatedor o cientista político Murillo de Aragão.

Defensor das carreiras típicas de Estado, Juarez Freitas afirmou que a recente crise mundial redimensionou o papel do Estado. “Até então, havia a ideia de que o mercado poderia se autorregular, que o Estado não era necessário, mas foi comprovado que sem regulação o mercado é autofágico. Quando, em 2007, eu defendia as carreiras típicas era chamado de estatista, mas agora todos reconhecem que a crise não atingiu mais fortemente o Brasil porque o nosso Banco Central, que exerce uma função típica de Estado, teve independência para cuidar da rigidez do sistema financeiro”, argumentou.

Ele sustentou que as atividades-fins do Estado não podem ser delegadas - entre elas, a da fiscalização. “Quem deve estar no topo da hierarquia da Receita Federal? Alguém da carreira de Estado ou outra pessoa de confiança do ministro A ou B? É lógico que estou partindo do pressuposto de que alguém da carreira é independente”, afirmou.

Juarez Freitas defendeu, inclusive, que não seja realizada lista tríplice, que seja indicado o nome escolhido pela carreira. “Se os Auditores-Fiscais têm funções que são indelegáveis, o cargo de secretário da Receita não se coaduna com a política partidária. Isso não quer dizer que ele não possa dialogar com o ministro da Fazenda, mas não deve ter subordinação. A lei orgânica tem de acabar com a ideia de subordinação”, explicou.

O constitucionalista enfatizou que as carreiras típicas de Estado têm a importante tarefa de pensar políticas além dos governos. “O político pensa a curto prazo. São as carreiras típicas de Estado as responsáveis por uma continuidade no meio de incontinuidades”, opinou.

Democracia – O debatedor do painel, cientista político Murillo Aragão, fez um histórico sobre a formação do serviço público brasileiro e defendeu que as carreiras típicas de Estado têm um importante papel para a solidificação da democracia, pois barram as oligarquias e fazem com que haja um maior planejamento estatal.

As carreiras típicas evitam, por exemplo, o voluntarismo político que gerou tantas obras inacabadas”, explicou. Para o cientista político, os servidores também servem para reduzir o caráter subalterno da sociedade brasileira, que historicamente tem medo do Estado. Murillo Aragão criticou, no entanto, o corporativismo no serviço público, o qual, na sua visão, prejudica a sociedade.

Corporativismo
– O presidente do Sindifisco, Pedro Delarue, comentou as críticas do cientista político afirmando que quando as carreiras típicas lutam pelas manutenções de suas prerrogativas e atribuições, estão defendendo a sociedade. “Quando o agente público não tem determinadas garantias, quando ele fica fragilizado diante do poder político e econômico, fragiliza toda a sociedade. Muitas vezes o corporativismo é sadio”, defendeu.

O presidente do Sindicato também argumentou que a sociedade precisa debater o tamanho do Estado sob a ótica de que a burocracia estatal é essencial para a implementação de políticas públicas. “Sem as carreiras típicas, não há política de Estado, só política de governo”, lembrou.

Ao responder às perguntas dos ouvintes do painel, Juarez Freitas aproveitou para se alinhar à fala de Delarue sobre corporativismo. “Se o Sindicato estiver lutando por garantias do Auditor-Fiscal, por exemplo, ele não está sendo corporativo, pois defende o interesse público primário, inerentes às carreiras típicas de Estado, e não a pessoas”, argumentou.

O constitucionalista também se posicionou contrariamente à ascensão funcional de uma carreira para outra. “Eu defendo o concurso público, que não é contra A ou B. Defendo o princípio constitucional da impessoalidade e, por isso, não posso concordar que, mesmo em pequena escala, esse princípio seja desrespeitado. Acho uma pena que tanta energia seja usada nessa luta”, criticou.

3 comentários:

  1. Infelizmente Dr Argolo DISPENSOU o auxílio do jurista Juarez Freitas no início das negociações salariais da ANMP (fim de 2007 e início de 2008).

    A pedido do Dr. Eduardo Henrique fiz contato, pelo fato do Dr. Juarez ser gaúcho, como segue (e-mails da época):

    "Brasília, 26/12/2007 - 19:6:33.

    Oi Luciana, não me lembro o nome do jurista gaúcho que você sugeriu, mas encontrei outro bom nome, o Dr Juarez Freitas.
    Leia sobre ele:
    http://www.tce.pe.gov.br/ccor/index.php?option=com_content&task=view&id=2&Itemid=49

    Abraço e boas festas,

    EH"

    "luciana.coiro@gmail.com>
    paramestradodir@pucrs.br

    data28 de dezembro de 2007 17:16
    assuntoCONTATO COM PROFESSOR DR. JUAREZ FREITAS
    enviado porgmail.com

    ocultar detalhes 28/12/07


    Caro Prof. Dr. Juarez Freitas:

    Como delegada da Associação Nacional dos Peritos Médicos da Previdência Social (ANMP), representando a Gerência Executiva de Porto
    Alegre, gostaria de solicitar seu auxílio no sentido de estudar a possibilidade de elaborar parecer técnico sobre a re-estruturação da
    carreira de Perícia Médica Previdenciária.

    Para tanto ficaria honrada se pudesse ser recebida pelo sr. em horário e local de sua conveniência para maior detalhamento sobre o assunto. A ANMP chegou ao seu nome em virtude de sua destacada carreira na área do Direito Administrativo e ficaria honrada com a possibilidade de contar com seu eventual apoio técnico.

    Atenciosamente, Luciana Slongo Coiro"

    O que se seguiu foi a aceitação do Jurista e participação em reunião da ANMP com representantes do Ministério do Planejamento (25/01/2008).

    Dr. Argolo achou o assessor dos fiscais da receita "meio fraquinho" e dispensável.

    QUE DOR !

    Dr. Juarez estava à disposição, escreveu posteriormente,aguardando ser chamado pela ANMP e nada...

    Depois disso começaram as reuniões "nos bastidores" e muito cafezinho. O resto, todos sabemos.

    Luciana Coiro

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  2. Mas a categoria, perplexa e inoperante, outra coisa não faz além de velar a defunta, sob os sapatos do assino daquela, que insiste na tese " I am the law" .

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  3. Fábio Amorelli Vieira13 de janeiro de 2010 às 13:32

    Se depender-mos do apoio oficial classista nada mudará, inclusive receio que dificultará eventuais avanços que possam depender de sua chancela. Os avanços terão que ser paralelos e embasados tecnicamente como já tem sido feito, principalmente pelo criador deste Blog, e bravos colegas, às custas das instituições e pessoas certas para abraçar nossa causa.

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