sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Autonomia é referendada por todos, mas para que?

Os CRM MG (05.08.2009) e RS (11.08.2009)  já haviam se posicionado; depois o judiciário e agora foi o CFM. Não há dúvida de que ao médico é devida a necessária autonomia técnica para exercer sua missão segundo os ditames da ética e da ciência. Em todos os casos são pareceres, entretanto. Nenhum conselho de classe ou mesmo o Judiciário jamais se oporia ao princípio da autonomia aplicado pelo médico em seu trabalho. Não há o que comemorar.

O que se coloca é para que essa autonomia? Por que lutar por ela e o que fazer com ela? -Ah, eu quero ter o direito de ser excelente!, dizem uns... Mas o que significa isso? Excelência na expectativa e conceito de quem? Autonomia assegura excelência? Não, não garante. Autonomia diz respeito aos procedimentos, aos processos, enquanto excelência diz respeito a resultados. Querer ter direito a resultados excelentes não é uma reivindicação que faça sentido. Da mesma forma, não faz sentido o médico reivindicar para sí o qualificativo de excelência.

Reivindica-se autonomia técnica, acesso a recursos complementares, registros confiáveis, sistema informatizado moderno, rápido e ergonômico, ambiente salubre, segurança, treinamentos, remuneração compatível, carga de trabalho suportável, chefia qualificada. Tudo isso com o objetivo de melhor exercer o seu papel.

4 comentários:

  1. Parabéns pelo texto. Bela síntese acerca dos perigos de "perseguir" algo sem saber o objetivo (quando se encontra, se isto ocorrer, ou não se reconhece ou não se sabe o que fazer...).

    Só discordo em um ponto e faço uma ressalva: é fácil colocar um ovo em pé, mas até Colombo meter a mão no ovo e bater na mesa...

    Sem debate, discussão,envolvimento poderia não ter sido vencida a natural inércia dos Conselhos que precisam ser provocados para poderem atuar.

    Luciana Coiro

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  2. A relação da Perícia Médica com a instituição INSS está e continuará sempre conflituosa. Existe no nascedouro das duas, conceitos que as colocam em rotas de conflito. Quando se reivindica as autonomias citadas no último parágrafo acima, se conseguidas, fere se de morte toda a estrutura concessionária e política da autarquia, sendo antes instrumento de políticas sociais do que seguradora do trabalhador. As via possível para nós peritos no momento, é muito mais o afastamento e abrigo em outro órgão buscando a tão sonhada autonomia e valorização profissional, do que tentar mudar abruptamente esta gigantesca instituição com a infinidade de interesses envolvidos. Se continuarmos nela seremos o marisco na luta entre o mar e o rochedo.Ainda mais sem representação.

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  3. Brilhante comentário.
    Sempre questionei o termo excelência.
    Acho ainda distante da nossa realidade.
    Percebi que alguns colegas não jamais passariam 40 min numa perícia por desconhecimento da semiotécnica pericial e a ausencia de intimidade com termos técnicos. É verdade, alguns passaram décadas privados de qualquer tipo de reciclagem institucional.
    Antes de sermos ridicularizados com o uso indevido da palavra excelencia, precisamos nos reeducar e qualificar e muito...;
    Onde estão os esforcos pela melhora na qualidade dos que fazem a carreira? Na auto determinação do tempo de uma consulta? Não basta!
    É preciso promover pesquisas e trabalhos científicos voltados para a perícia; É assim que se faz qualquer tipo de conhecimento. Desenvolver, Aprender e divulgar técnicas básicas investigação e papiloscopia; * Sempre pensei que o perito federal, comparando ao auditor nas empresas, deveria ter a prerrogativa de acessar e analisar quando achasse necessário in locu os arquivos de quaquer instituição hospital;
    Lutar para melhor documentação com uso de acessórios digitais como scanners; Formação de protocolos técnicos por especialidades; Cursos de medicina legal e do trabalho, direito previdenciário, profissionografia, aposentadoria especial... A fila é sem fim. Pena que a NOSSA DIRSAT seja uma piada que SEM QUALQUER AUTONOMIA E CRIATIVIDADE.

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  4. A visão equivocada que a sociedade tem do INSS é crônica. Serve a muitos interesses, por isso mante-la faz parte de todas as políticas, de todos os governos, são verbas milionárias para serem distribuidas, "quem quer dinheiro"?.
    A visão é tão arraigadamente equivocada que até mesmo a procuradora do MPF com quem estivemos na semana que passou falou candidamente: "o INSS acaba resolvendo o problema não é", referindo-se a miséria do povo brasileiro. Portanto mesmo pessoas do mais alto nível cultural tem a idéia de que o seguro é social, apenas social. Dá uma certa sensação de conforto, semelhante àquela de quando damos esmola à uma criança na sinaleira.
    Como nos colocamos como guardiões do templo e temos uma visão diametralmente oposta e um posicionamento compatível com a lei, acabamos sofrendo toda essa vertiginosa pressão.
    Haja força e perseverança para mudar isso tudo.
    Fenando Ebling Guimarães

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