Uma vez fiz uma pesquisa entre os alunos de uma classe: qual o número de seu sapato? perguntei. Sabem qual foi a média? 39. Sabe em quantos esse número servia? 20% dos alunos.
Vamos fazer uma enquete e saber o que o perito médio ou a média dos peritos querem para si? É assim que se resolve o problema de uma carreira?
Nem a média, nem mesmo a maioria dos interesses de seus integrantes, significam, necessariamente, o que melhor atenderá o coletivo que essas mesmas pessoas integram.
Cada qual luta por seu interesse pessoal, o que é normal, mas não é legítimo tentar passar para a coletividade como o melhor para ela. Isso seria esperteza. Não se pode pensar em reestruturar uma carreira a partir de um raciocínio pseudodemocrático que desconsidere o objetivo social da atividade e as gerações futuras. Isso seria corporativismo.
O médico é um dos profissionais liberais mais antigos, antecedido pelas prostitutas neste ranking, como sempre se ouve relato, mas jamais confirmado. O fato de ter história liberal talvez explique sua postura egocêntrica, sua imensa dificuldade em pensar coletivamente, dificuldade que não vemos entre auditores, procuradores, promotores públicos etc.
O presidente americano John F. Kennedy disse que o cidadão deveria se perguntar o que poderia fazer pela América e não o que a América deveria fazer por ele, mas isso foi há muito tempo. Devemos saber diferenciar quando pensamos em nós e quando pensamos na carreira que abraçamos. O ideal seria cada um encontrar um termo intermediário entre o que lhe interessa pessoalmente e o que interessa ao país, à carreira, pois, pensar na carreira é pensar em si a longo prazo. Cada um pensando em si, só em si, é o fracasso do coletivo, o que não surpreende tanto em uma geração pós-socialismo que só acredita no privado, mas que, contraditoriamente, busca o público jurando servir-lhe.
É muito ruim perceber que debates supostamente em prol da carreira são artimanhas em busca do interesse meramente pessoal. Nossa categoria tem jeito?
Eduardo, vc faz comentários verdadeiramente MUITO pertinentes e as vezes MUITO corajosos. Aqueles que jogem TODO o tempo para a platéia, coisa muito comum nos FORUNS, não vão gostar.
ResponderExcluirCaio, nunca bajulei delegados, conselheiros fiscais nem ninguém. Não sou candidato a nada. Ataquem-me, tirem-me o que puderem, mas minha liberdade não está à venda.
ResponderExcluirSe não tiver mais onde escrever o que se pensa vai ficar difícil...
ResponderExcluirTenho observado que estamos em um momento de "sensibilidades exacerbadas".
Todo mundo quer bater (não me excluo, pois há muita coisa merecendo atitudes enérgicas), mas por que mesmo ninguém se dispõe a apanhar ?
Já temos censura, ofensas pessoais como forma de defesa frente a idéias divergentes...O que mais virá ? Punição física ?
Achei ótimo o texto. Quem se sentir mal com o mesmo que exponha seus motivos, pois aqui pode (já não é bom demais nesses tempos de subserviência, medo e falta de criatividade?).
Luciana Coiro
Colegas,
ResponderExcluirMinha humilde opinião.
É natural que o ser humano queria o QUE é melhor para ele. Não há anormalidade nisso. Somos todos egoístas num primeiro momento. Quando os objetivos e meios parecem sem propósito, duvidosos e desorganizados é natural que cada um pense em si. Votando e pensando assim não há saída a coletividade subsistir. Ainda, há dezenas de textos e citações que confirmam que a maioria NUNCA TEM RAZÃO. Como chegar em algum lugar? O que diferencia as sociedades e organizações é a presença marcante da liderança. O poder que faz acreditar que mesmo com defeitos, mais fracos e em menor número serão todos vitoriosos. A liderança é a arte de conseguir que um outro faça alguma coisa que você quer feita porque ele quer fazê-la. A ausencia de lideranção leva ao caos e auto destruição. Para mim este o problema maior como médicos. É preciso que se aprenda a ser líder e se aceite em ser liderado. A MULTIDÃO LIDERADA NA SALA DE AULA pensará que os 20% que calcarem os sapatos será o melhor para todo o grupo.
PERÍCIA DO INSS
PROCURA-SE LÍDERES.
E pensando na "coletividade" criou-se o mutirão perene?
ResponderExcluirAnd now who pays the bill?
Fernando Ebling Guimarães
Feliz 2006 essa então é de matar!
(10/01/2006 - 13:34)
Em junho/05 as agências estavam marcando perícias para até 180 dias (média 120 dias) depois do comparecimento do requerente, embora o número mensal de perícias tivesse subido mais de 80%, o número de credenciados subido para cerca de 3.500 e os recurso para pagá-los em 2005, consumidos como, o bloco O, em labaredas de má-gestão, em apenas cinco meses! Liderados pela ANMP, os médicos não se abateram diante do caos e tiveram, após longa insistência, a implantação de uma gratificação de produtividade atrelada ao principal termômetro do INSS, as famigeradas filas. Propusemos 15 dias como máximo aceitável e alcançamos, em dois meses, esta excelência em 80% das agências do país. Tudo feito com ética e critério, apenas atacando as perícias protelatórias e inconclusivas; no popular, "a empurração com a barriga", que favorece apenas quem ganha com as filas, oferece favores, lugares nas filas ou realiza exames desnecessários, de tal sorte que 70% dos exames eram para reavaliar o prazo de afastamento concedido na perícia anterior, a ponto de 260.000 benefícios temporários estarem com mais de dois anos de manutenção. Custo estimado: R$ 250.000.000,00 por mês em 2004 apenas pagando benefício de quem aguardava o exame inicial ou a renovação. Quem não se lembra de segurados desesperados para voltar ao trabalho e impedidos porque suas perícias só aconteceriam meses depois?
Pois bem, cumprimos nossa meta, reduzimos o número mensal de perícias em quase 300.000, e o que obtivemos foi apenas a mudança da mesma de 15 para 5 dias! Pagamos a fatura da credibilidade e resultado econômico e social antecipadamente, demonstrando que a categoria também mobiliza-se em busca de resultados, quando liderada e estimulada.
Em 26-12-05, prorrogação do segundo tempo, o Presidente Lula, após grande empenho do Ministro Nelson Machado e do Presidente do INSS, Valdir Simão, assinou a MP 272/04 que estabelece novos valores e critérios para a remuneração dos peritos médicos. Fizemos um contrato com o governo em que as metas do governo são as nossas metas e, ao atingi-las seremos remunerados dignamente.
Desde 01-01-2006 estamos em avaliação para pagamento da GDAMP. Como está o agendamento em sua gerência? Precisamos acompanhar de perto esse indicador para atuarmos fortemente em busca da meta de cinco dias. Seu GBENIN precisa disponibilizar a informação do número de dias decorridos entre a marcação e o atendimento da perícia inicial (Ax-1). Sua gratificação GDAMP depende disto em 60%. A primeira apuração de média ocorrerá após três meses e as correções, a maior ou a menor, retroagirão ao primeiro dia do ano de 2006.
"Ao responder às perguntas dos ouvintes do painel, Juarez Freitas aproveitou para se alinhar à fala de Delarue sobre corporativismo. “Se o Sindicato estiver lutando por garantias do Auditor-Fiscal, por exemplo, ele não está sendo corporativo, pois defende o interesse público primário, inerentes às carreiras típicas de Estado, e não a pessoas”, argumentou."
ResponderExcluirAs prerrogativas dos peritos-médicos da previdência na realidade nunca foram garantidas, nem à época da fundação da carreira e muito menos agora que está sendo dizimada. Sim ao corporativismo, sim à auto-preservação. Cuidado com os discursos demagógicos sobre "coletividade", pois sem perícia estruturada e autônoma, tendo que realizar perícia por demanda, em linha de produção, a "coletividade vai sim ser prejudicada, principalmente aquela que paga e não usa, ou seja a imensa maioria.
Fernando Ebling Guimrães
Fernando Ebling Guimarães
É colega, na verdade isso é desviar o foco da atenção. Um movimento que reinvidica somente para os integrantes de qualquer categoria e esquece o público está fadado ao fracasso. Por isso os médicos diluem as suas demandas sob a ótica de melhoria de assistencia a populaçao. Quando na verdade querem é primariamente aumento mesmo! OS AUDITORES PENSAM NO PUBLICO, MAS PRIMEIRO VEM AS SUAS DEMANDAS Ora, cansei de ver greves e paralisações e toda sorte de paredismo disfarçada de "ser o melhor para o público". Na verdade parece mais uma estratégia de marketing. Dê-me um aumento e fortaleça o público. A UNAFISCO luta sim por e para o corporativismo. Demagogia é dizer que defende o público e não interesse das pessoas.
ResponderExcluire o que seria no atual momento da perícia-médica pensar no público?
ResponderExcluirNão consigo entender onde querem chegar com esse discurso. Em 2004 quando fizeram a heróica greve dos 83 dias estavam pensando no público?
E agora acham que devemos pensar no público então que atendam 24 perícias, fiquem 9 hs nas agências e não se escondam por trás dos cargos burocráticos que a autarquia oferece aos mais "preparados".
Por acaso a atividade como vinha ou vem sendo feita até agora, 18/24 perícias atende os interesses do coletivo?
Fernando Ebling Guimarães
Interessante ainda observar que nesse mesmo blog há post em que a figura do dr. Juarez, assumidamente corporativista, é reverenciada.
ResponderExcluirHá um paradoxo, inegável.
Fernando Ebling Guimarães
Sobre o paradoxo concordo com o colega!
ResponderExcluirÉ inegável...
De paradoxismos vivemos todos nós.
Na ocasião da greve estavam de 2004 estavam pensando em si primeiramente e aproveitaram o clamor social com pericias agendadas para 120 dias. Foram ouvidos porque suas demandas era legítimas e disfarçada de interesse público tanto que o MPF foi o primeiro a colaborar.
Acho que estamos sim pensando no público...
Creio que a melhoria na qualidade dos laudos, que é fruto inquestionável da autonomia pericial com ou sem movimento de excelencia, embora prejudique num primeiro trará benefícios irreversíveis ao público com melhor eficiencia na resolutividade dos casos. O problema é que a investida foi mal planejada e inoportuna, stricto senso.
Eu sou a favor da greve maciça sempre o fui!
Respeito no entanto a ANMP.
Pena que não foi o caminho escolhido.
Resta-me tocar e ouvir UM TANGO ARGENTINO.
Colega, definitivamente não é um momento facil para ninguém...!
Exatamente por não ser um momento fácil para ningúem, e principalmnte para aqueles que continuam sendo triturados seja na execução da tarefa cirada em prol da "coletividade", ou aé mesmo os que abraçaram o caminho de fazer frente ao exército persa, as palavras devem sem medidas, pois como diz o ditado 3 coisas não voltam:
ResponderExcluir"a flecha disparada, a oportunidade perdida e a palavra dita".
Aliás esse ditado calça como luva para o momento que vivemos, nunca foram disparadas tantas flechas, tantas oportunidades foram perdidas e tantas palavras foram ditas,
Cá comigo acho que não é hora de perdermos mais uma oportunidade, e para mim esse discurso de "coletividade" não tem sentido na medida em que todos são contribuintes compulsórios da PS, na simples compra de um pacote de manteiga se contribui, portanto vamos ampliar o conceito de coletividade e não pensar apenas naqueles que estamos atendendo, pelo menos nós que estamos na linha de frente.
Quanto ao formato da investida certamente não era nisso que pensávamos aqui no sul quando começamos a procurar uma saída adequada do triturador de carne humana que é atender 24/ dia ainda mais nas condições impostas.
Quanto a tocar e ouvir um tango argentino demonstra gosto afinado, bela múscia, bela dança, complexa e que não permite erros pois cetamente os bailarinos cairiam ou pior ainda poderiam sofre lesões em áreas delicadas do corpo humano.
Quem sabe "cambalache"?
Cambalache
Carlos Gardel
Composição: Enrique Santos Discépolo
Que el mundo fue y será una porquería, ya lo sé,
en el quinientos seis y en el dos mil también;
que siempre ha habido chorros,
maquiávelos y estafáos,
contentos y amargaos, valores y dublé.
Pero que el siglo veinte es un despliegue
de maldá insolente ya no hay quien lo niegue,
vivimos revolcaos en un merengue
y en el mismo lodo todos manoseaos.
Hoy resulta que es lo mismo ser derecho que traidor,
ignorante, sabio, chorro, generoso, estafador.
¡Todo es igual, nada es mejor,
lo mismo un burro que un gran profesor!
No hay aplazaos ni escalafón,
los inmorales nos han igualao...
Si uno vive en la impostura
y otro roba en su ambición,
da lo mismo que sea cura,
colchonero, rey de bastos,
caradura o polizón.
¡Qué falta de respeto, qué atropello a la razón!
¡Cualquiera es un señor, cualquiera es un ladrón!
Mezclaos con Stavisky van don Bosco y la Mignon,
don Chicho y Napoleón, Carnera y San Martín.
Igual que en la vidriera irrespetuosa
de los cambalaches se ha mezclao la vida,
y herida por un sable sin remache
ves llorar la Biblia contra un bandoneon.
Siglo veinte, cambalache, problemático y febril,
el que no llora no mama y el que no roba es un gil.
¡Dale nomás, dale que va,
que allá en el horno te vamo a encontrar!
¡No pienses más, tirate a un lao,
que a nadie importa si naciste honrao!
Si es lo mismo el que labura
noche y día como un buey
que el que vive de las minas,
que el que mata o el que cura
o está fuera de la ley.
Fernando Ebling Guimarães
MAL SECRETO
ResponderExcluirSe a cólera que espuma, a dor que mora
N´alma e destróe cada illusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse o espírito que chora,
Ver através a mascara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, comsigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisivel chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez, existe
Cuja ventura unica consiste,
Em parecer aos outros venturosa!
Raimundo Correia
Fernando Ebling Guimarães
Muito bom gosto Fernando
ResponderExcluirConheço este soneto inclusive o sei decoradinho.
Sua Gosto também desta arte.
Heltron - 2003
O que sou!?
Vida. Mágico evento. Brilho raro.
Gota do mar azul em vento pleno.
Corisco que irradia em tempo claro.
Pedaço de infitito tão pequeno.
Contagem regressiva. Preço caro.
Um frasco de algum tóxico veneno.
Um beijo ingrato. Um derradeiro aceno.
Um acidentalíssimo disparo.
Um sopro de curtíssima energia.
Um véu de nuvens claras que algum dia
Pintou o céu, chorou, riu e passou.
Eu vou seguindo pela estrada afora
E uma pergunta estranha me devora
Além do que me sobra, O eu que sou?
Fernando a perícia só sairá desta de conseguir provar que o que ela quer é o melhor para a população e não para si.
ResponderExcluirPrecisa provar que o movimento de excelencia, que não sou totalmente contra, é o melhor para o povo ainda que seja a longo prazo.
É isso. Em 2004 eles comprovaram que a população estava sendo "lesada" e o erário também com o credenciamento.
Em 2005-2006 a GDAMP era um grande negócio para o INSS e para o povo afinal a perícia sempre tinha o slogan: "Um carreira contra filas e desperdícios."
O problema é que o movimento da ANMP faz parecer que "apenas os peritos" serão beneficiados e não tem enfaticamente em sua demanda UM MELHOR ATENDIMENTO A POPULAÇÃO E UMA MELHORA RACIONALIZAÇÃO DE CUSTOS POR AUMENTO DE QUALIDADE PRINCIPALMENTE COM GANHOS DE CAUSAS JUDICIAIS onde a "qualidade"interfere diretamente nas decisões.
É isso. Acho que falta insistir naquela de satisfação do segurado. Provar que ele se sente melhor atendido e mais respeitado com um exame mais completos. Provar que economizamos para o estado diminuindo as indenizações pela justiça.
Provar que o governo e as intituições precisam precisa ser respeitadas, mas não podemos abrir mão do nosso código de ética.
O que está havendo é um ajuste a nova realidade na administração de beneficios por incapacidade por entendimento que a qualidade por mais cara que aparente ser é mais economica que produção em série.
Precisamos passar o MPF para o nosso lado com esta visão de qualidade. Sei que não é facil, mas eles com o tempo irão entender quando mostrarmos melhores resultados nas perícias.
Bem, há muito mais a discutir, mas para mim é por aí....
Talvez, e tomara, a autarquia passe a querer a mal-denominada excelência pericial e queira reconhecer espontaneamente a autonomia médica e talvez ai sim tenhamos uma auditoria e corregedoria funcionando de fato, e talvez uma porção de coisas então mudem, como elos de uma corrente que se entrelacem, seguindo uma história natural...
ResponderExcluirFernando Ebling Guimarães