sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Bacalhau associativo, ao forno

Por Luciana Coiro


Antes de ceder esta receita de “Bacalhau Associativo” ao meu caro amigo e “gourmet” Eduardo Henrique, grande conhecedor dos gostos e desgostos desta atividade nem sempre prazerosa (lidar com o público pericial, via de regra, esfomeado, mesmo sem saber o que quer comer) quero esclarecer algumas dúvidas, de antemão:

O bacalhau, assim como o representante de categoria pericial previdenciária, virou lenda...


Quem, dentre nós já viu, por exemplo, uma CABEÇA DE BACALHAU? E, nos últimos tempos, cabeça de líder associativo na perícia?


Será que existe? Assim como enterro de anão e homem que carrega foto de sogra na carteira trata-se de artigo, até prova em contrário, inexistente.


Ainda bem que para “assar” o bacalhau (e o “líder”...) só precisamos do corpo. E se o lombo for espesso e algo gordo (cheio de adulações sebosas que lhe conferem volume falso), ainda melhor...


Bacalhau é um bicho estranho. Caro, salgadíssimo, todo mundo diz que gosta, bolinho todo mundo come (e elogia, mesmo sendo de batata), mas preparar bem e comer com gosto, só uma vez por ano. Aí todo mundo se esbalda (mais por ser caro e “a única vez no ano”, do que por ser bom). Imagina, se, aqui, eu estivesse disponibilizando receita de arroz com feijão? É o que todo mundo precisa, mas ninguém admite...Dai-me forças, oh, Senhor, para tolerar tantas tentativas superficiais e vãs de fazer a vida parecer mais especial do que é!


Assim, ao invés de nos ensinarmos um bom “feijão com arroz”, todo dia, nos exibimos com o bacalhau anual! Vá entender os homens...


Portanto, com algumas adaptações, ofereço o “Bacalhau ao Forno Associativo”. A receita que adaptei foi tirada do site “Tudo gostoso”...kkk, afinal, não é bela a vida? E bem gostosinha?:


1) Deixe o bacalhau de molho por 24 perícias mudando sempre o acordo local.


2) Escalde numa rápida fervura removendo peles e espinhas não retiradas por antigos e negligentes cozinheiros.


3) Coe a água onde o bacalhau foi cozido e reserve para oferecer ao SST omisso.


4) Tempere o bacalhau em lasquinhas, com alho, sal, coentro e resquícios de sanidade mental.


5) À parte, coloque uma (caça)rola no fogo com azeite de oliva e as cebolas em rodelas (as "rodelas" não precisam ser de cebola, na receita em tela).


6) Adicione os tomates sem pele e sem sementes, o pimentão e as azeitonas picadas (peritos sem pele e sem sentimentos também conferem bom sabor à mistura e podem substituir os tomates).


7) Junte o bacalhau (ou líder associativo morto e entregue), o extrato de tomate, o leite de côco (de preferência fresco, da Bahia) e um pouco da água onde foi cozido o bacalhau.


8) Deixe tudo cozinhar bastante.


9) Fica com farto molho.


10) Prove para ver se o sal está a gosto. Se não estiver, rale-se, pois, afinal, perito engole qualquer coisa.


11) Cozinhe as batatas e as cenouras em rodelas. Nessa versão associativa sugerimos que as cenouras (ao menos as maiores) sejam mantidas inteiras, altivas e “al dente”.



12) Coloque no forno, pois afinal, melhor assado que “frito”.


Sirva com acompanhamento de sua preferência: acarajé, tapioca, arroz branco, batatas....


Aprecie com vagar, saboreando, pois apesar de apetitoso, este bacalhau só funciona um dia no ano...TIPO DIA DE ELEIÇÃO. NOS OUTROS 364 DIAS O POVO FICA SE LAMURIANDO QUERENDO SÓ A GARANTIA DE SEU ARROZ COM FEIJÃO, GENUÍNO, LEGÍTIMO, SIMPLES, COM CORAÇÃO...Enfim, o que mata a fome real...


Um grande abraço, Luciana Coiro


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