domingo, 1 de novembro de 2009

gênero sociopata, espécie manipulador



Bias de Priene, um dos sete sábios, no século VI aC, quando perguntado sobre qual dos animais era o mais nocivo, respondeu "entre os mais ferozes, o tirano; entre os domesticados, o bajulador". Plutarco, no século II, se referia ao bajulador como, creio, nos referimos hoje ao gênero sociopata, espécie manipulador.

"Nada é mais doce do que partilhar com muitas pessoas os sentimentos de uma benevolência recíproca. Mas o falso amigo, o amigo bastardo e pérfido que só pode ocultar o agravo que faz à amizade alterando-a como se faria com a falsa moeda, pratica contra seus semelhantes a inveja que lhe é natural, e procura ultrapassá-los em pilhérias e tagarelice. Por pouco que um sujeito valha mais do que ele, teme-o e assusta-se, porque ao ouro puro não pode opor-se o modesto chumbo.
O manipulador ostenta altivamente azedume, acrimônia e inflexibilidade em suas relações com os outros. É intratável com os domésticos, enérgico em assinalar as falhas de seus parentes e amigos, e, com respeito aos estranhos, não é animado de nehuma admiração, de nenhum respeito, mas somente de desprezo; rebelde à misericórdia, caluniador, procura somente excitar os outros à cólera. Ele quer alcançar uma reputação de inimigo do vício, a de um homem que não cederia a fraquezas, mas finge ignorar as faltas reais, as faltas capitais enquanto fica furioso quando se trata de manifestar sobre os pecados leves e exteriores.
Nosso homem afasta os verdadeiros amigos e os impede de aproximar. Se não consegue, finge  bajulá-los, envolvê-los, extasiar-se com sua superioridade, enquanto em segredo semeia contra eles calúnias que desperta por seus discursos".

Texto de Plutarco, escrito há quase 2 mil anos! Ilustração Gustave Doré.
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